Angola: O que liga o MPLA não comunista a Cuba?
1 de julho de 2019O analista angolano e especialista em questões internacionais Augusto Báfuabáfua recorda que os laços entre o MPLA, o partido que governa Angola, e o Partido Comunista Cubano, que governa Cuba, são históricos: "Tem uma relação que dura há mais de 50 anos, ou seja, durante a época de guerrilha Cuba já apoiava grandemente o MPLA na guerrilha que fazia no exterior do país".
"Mas, há outras razões", acrescenta o analista: "Por exemplo, a cooperação bilateral entre os dois países nos setores da educação e da saúde".
Augusto Báfuabáfua lembra que "com mais de 40 acordos assinados, também Cuba foi um dos primeiros países a reconhecer Angola independente logo nos primeiros 365 dias. Cuba também tem Estado a dar uma grande ajuda Angola, principalmente no setor social: educação e saúde."
Novas áreas de cooperação na mira
Para além destes setores, Angola também tem acordos com a Cuba nos domínios militar, defesa e segurança. Mas, segundo Manuel Augusto, ministro angolano das relações Exteriores, esta visita de João Lourenço também abre novas áreas de cooperação.
"Para conformar não só a cooperação já existente e, nesse caso, tentar adaptar aos novos tempos, mas também temos a intenção de estabelecer com Cuba na área de investigação e na área de pequena e média indústria", afirma o chefe da diplomacia angolana.
Entretanto, na implementação de alguns acordos o Governo angolano não tem cumprido na totalidade a sua obrigação, daí a dívida que tem com Cuba avaliada inicialmente em mais 200 milhões de dólares, segundo o Jornal de Angola.
Mas o analista Augusto Báfuafua diz que "pelas palavras do Executivo já se pagou mais da metade da dívida e outra metade pagar-se-á até ao final do ano".
Cuba também precisa de Angola
Mas, não é apenas Angola que precisa de Cuba, esclarece Báfuabáfua. Cuba também precisa de Angola para materialização das suas novas apostas como a construção civil, já que, acrescenta, tem estado a perder espaço nalguns países da América do sul e latina.
"Praticamente na América do Sul Cuba tem pouco espaço, agora só conta com a República da Venezuela e Nicarágua e não mais do que isso. Vira-se para Angola e Angola precisa de empresas que veem apostar e transmitir o seu conhecimento e experiência. E Cuba já tem estado a sair dos tradicionais setores sociais e já dá passos também no setor da construção civil", diz o analista.
No primeiro dia de trabalho da visita de João Lourenço, que durará dois dias, o destaque recai para uma conferência na centenária Universidade de Havana e nas conversações com as autoridades cubanas.
Na terça-feira (02.07.), seu último dia de trabalho, João Lourenço visitará a Zona Especial Portuária de Desenvolvimento de Mariel, na periferia de Havana, e manterá encontro com bolseiros angolanos, maioritariamente estudantes de Medicina. No país caribenho estudam 2.180 jovens angolanos.