Angola: Greve dos professores põe alunos em greve de fome
6 de dezembro de 2022Sem acordo com o Governo angolano, os professores do ensino geral voltaram a paralisar as suas atividades esta terça-feira (06.12). O Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF) diz que a culpa da nova greve é do Governo, que não terá apresentado qualquer proposta para o fim da crise.
Em declarações à DW, o secretário-geral do SINPROF, Ademar Jinguma, explicou que o Ministério da Educação limitou-se a solicitar uma moratória de 15 dias para melhorar as condições de negociação, algo que os professores recusaram.
"E como as matérias em discussão já datam de algum tempo, os professores entenderam não ponderar, porque o Governo teve tempo suficiente para abordar as questões e resolvê-las. Nesta altura, já não nos podem trazer declarações de intenções e promessas", disse.
Alunos em greve de fome
Os alunos reconhecem os direitos dos professores, mas sentem-se prejudicados com a paralisação. Nesse sentido, um grupo de pelo menos sete estudantes anunciou ter iniciado uma greve de fome de 15 dias para exigir o regresso das aulas.
"Estamos sem aulas. Os nossos pais lutaram pelo país e, em função disso, não conseguiram formar-se. Nós estamos a tentar formar-nos, mas o Governo não quer resolver a greve e estamos em casa. Então, preferimos passar fome do que ficar sem estudar. É um direito que está a ser violado", relatou o aluno Domingos Kizua.
Nesta greve dos docentes, que termina no domingo (11.12), os professores exigem salários dignos e melhores condições de trabalho, e pedem soluções concretas.
"É preciso algo mais prático. Dizer como e em que medida vão ser resolvidos cada um dos pontos que constam do caderno reivindicativo. É isso que os professores estão a pedir. Temos consciência que muitas das questões no caderno não são resolvidas de forma imediata. É preciso que assumam estas questões e estabelecer um cronograma de materialização das reivindicações", acrescenta Ademar Jinguma.
Professores não aceitam acordo com outro sindicato
Na semana passada, o Ministério da Educação e a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores da Educação, Cultura, Desporto e Comunicação Social - que representa parte da classe dos professores e trabalhadores administrativos das escolas - assinaram um acordo para a suspensão da greve. Mas esse pacto não é aceite pelos professores, que não se sentem representados pela federação dos sindicatos.
Para o secretário-geral do SINPROF, esse "falso" entendimento visou manipular a opinião pública.
"Não nos revimos neste acordo, porque não é um acordo como tal. Esse sindicato nunca fez greve, nunca reivindicou nada a favor da classe. É um parceiro que o Ministério da Educação encontrou para poder contrapor a nossa posição. Mas os professores que estão a reivindicar estão connosco, e o resultado é o que se está a ver em todas as escolas do país. As escolas estão, infelizmente, mais uma vez paralisadas", frisou Ademar Jinguma.
A DW contactou o Ministério da Educação e a federação dos sindicatos, mas não foi possível obter uma reação.