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Angola: Estradas intransitáveis deixam Marimba isolada

Nelson Camuto (Malanje)
24 de março de 2023

Mais de 25 mil pessoas estão retidas em Marimba, porque as vias que dão acesso ao município ficaram completamente intransitáveis devido às chuvas. O administrador local garante que há trabalhos "paliativos" em curso.

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Foto: Nelson Camuto/DW

Ninguém entra e ninguém sai de Marimba. O município essencialmente agrícola fica a mais de 200 quilómetros da sede provincial de Malanje. 

Mas o local está isolado do resto da província há várias semanas, desde que chove torrencialmente, conta José Gabriel, professor do primeiro ciclo em Marimba.

"Está intransitável por causa das últimas enxurradas que têm caído aqui no município de Marimba, há mais de 2 meses", conta à DW, por telefone.

De carro, é impossível chegar a Marimba, porque a zona é pantanosa e as estradas de terra ficaram completamente intransitáveis.

É um problema antigo. Antes das chuvas, as vias já estavam cheias de buracos, diz José Gabriel.

"Houve momentos em que passámos dias na via, não conseguíamos chegar na sede a tempo. Às vezes com mosquitos, frio, fome. Então não tem como não nos deixar descontentes", lamenta.

Muitas promessas por cumprir

As chuvas fortes das últimas semanas agravaram exponencialmente a situação. 

"A caravana do governador quando veio aqui, veio de helicóptero, porque tentou vir de carro, e viu mesmo que não é possível a passagem de carro."   

Os habitantes dizem que as autoridades locais já fizeram muitas promessas para melhorar as vias, que continuam por cumprir.

Angola Kinderkrankenhaus Malanje | Fátima Damião
Com as entradas e saídas bloqueadas, grandes quantidades de alimentos estão a apodrecer, porque não podem ser escoadosFoto: Nelson Kamuto/DW

Há um ano, os líderes tradicionais de Marimba chegaram a rebelar-se contra as autoridades a ponto de caminharem os mais de 200 quilómetros, do município à sede provincial, para exporem a situação ao então governador Norberto dos Santos "Kwata Kanawa". 

À DW, o administrador municipal, João Manuel, garante que há trabalhos em curso para desbloquear as vias rodoviárias. Sobretudo na zona mais crítica, conhecida como "Kawíssu", um troço de 25 quilómetros. Mas o responsável admite que são apenas trabalhos paliativos.

Produtos começam a escassear

Entretanto, com as entradas e saídas bloqueadas, diversos produtos que só são adquiridos na sede provincial começam a escassear e os preços subiram em flecha.

Além disso, grandes quantidades de alimentos estão a apodrecer, porque não podem ser escoados, e isso traz grandes prejuízos aos camponeses, explicou recentemente o munícipe Carlos Afonso à agência de notícias Angop.

"Estamos a sofrer mesmo muito. Não conseguimos escoar alguns produtos de cá do município para levar na província", alerta.

Questionado pela DW, o administrador municipal, João Manuel, desdramatiza o problema. 

"É natural que quando há dificuldades de acesso, haja também dificuldades de abastecimento alimentar para as comunidades, porque as viaturas não conseguem chegar", relativiza.

Para já, a população está à espera da estação seca, a partir de 15 de maio. Pode ser que, nessa altura, a situação nas vias melhore, afirmou o munícipe Manuel Kibuko

"Mais vale tempo seco, nessas alturas a viagem tem sido boa", frisa. 

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