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Bispos incentivam diálogo entre família de JES e Estado

Lusa
21 de julho de 2022

O porta-voz da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) apelou hoje ao diálogo entre a família do ex-Presidente José Eduardo dos Santos e o Governo no diferendo sobre a transladação dos seus restos mortais.

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Foto: N. Francisco Sul/DW

Belmiro Tchissengueti, que falava na conferência de imprensa que marcou o encerramento da II conferência anual da CEAST, que decorreu, na província de Luanda, entre quinta-feira e hoje, disse que a igreja respeita as mais variadas posições.

"Ou seja, há o lado da sensibilidade dos filhos, há também o da vontade legítima do Estado de realizar um funeral condigno de alguém que liderou o país por 38 anos", sublinhou.

Nesse sentido, prosseguiu, o que a igreja incentiva "é o diálogo entre as partes" para que se encontre a melhor modalidade possível para uma solução destas divergências.

O porta-voz da CEAST destacou que o antigo Presidente "fez muito por este país, apesar das suas falhas", realçando que foi também "um fator de equilíbrio e de salvaguarda da paz em momentos muito delicados" da história de Angola.

"Sem forçar situações, incentivamos o diálogo entre as partes", reforçou.

José Eduardo dos Santos, que governou Angola de 1979 a 2017, morreu, no dia 8 de julho, com 79 anos, em Barcelona, Espanha, onde passou a maior parte do tempo nos últimos cinco anos.

Exéquias fúnebres de José Eduardo dos Santos

Disputa familiar

Duas fações da família dos Santos disputam, na Vara de Família do Tribunal Civil da Catalunha, quem ficará com a guarda do corpo de José Eduardo dos Santos.

De um lado, está Tchizé dos Santos e os irmãos mais velhos, que se opõem à entrega dos restos mortais à ex-primeira dama e são contra a realização de um funeral de Estado antes das eleições de 24 de agosto para evitar aproveitamentos políticos.

Do outro, está a viúva Ana Paula dos Santos e os seus três filhos em comum com José Eduardo dos Santos, que reivindicam também o corpo e querem que este seja enterrado em Angola nos próximos tempos.

Esta pretensão é apoiada pelo Governo angolano, que decretou sete dias de luto e anunciou a intenção de fazer um funeral de Estado, enquanto a disputa prossegue nas instâncias judiciais, a três dias do início da campanha para as eleições gerais, tornando-se num facto político que está a marcar a corrida eleitoral.

Em entrevista no domingo a meios de comunicação social angolanos, o ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, que lidera a delegação que representa o Estado angolano, general Francisco Furtado, mostrou-se confiante num desfecho favorável, salientando que os cidadãos angolanos e a comunidade internacional querem ver "o problema resolvido".

"Toda a nação angolana quer a presença do seu antigo líder no país para lhe render a merecida homenagem", disse Francisco Furtado, sublinhando que se as autoridades espanholas tiverem em conta as razões que levaram o ex-presidente a Barcelona "não haverá outro desfecho que não seja o regresso do corpo para Luanda".