Alemanha realiza eleições em dois estados
14 de março de 2021Uma coisa é clara: as eleições estaduais deste domingo (14.03) na Alemanha não têm precedentes. Espera-se que as mesas de voto nos estados federados da Renânia-Palatinado e em Baden-Württemberg permaneçam vazias - com cerca de 50% dos 11 milhões de pessoas elegíveis para votar este fim-de-semana a optar pelo voto por correspondência.
Em ambos os estados, as mesas de voto não estiveram ocupadas durante a primeira metade do dia. Na Renânia-Palatinado, 7,5% dos eleitores havia votado até ao meio-dia, de acordo com amostras recolhidas em municípios selecionados. A afluência global às urnas foi de 52% ao meio-dia.
Mais importante ainda, o resultado poderá ser um sinal para as eleições gerais de setembro, que marcarão o fim da chancelaria de Angela Merkel.
Será também a primeira verdadeira demonstração de opinião dos eleitores sobre a gestão de crise na pandemia do coronavírus.
Baden-Württemberg e Renânia-Palatinado são os primeiros de seis estados, incluindo a cidade-estado de Berlim, a realizar eleições num ano de grandes eleições na Alemanha.
Quais os principais partidos a ter em conta?
O foco das eleições deste domingo é o Partido Social-Democrata (SPD) na Renânia-Palatinado, um dos poucos redutos do SPD na Alemanha. Os números das sondagens nacionais do partido diminuíram constantemente desde 2013, de 25% para 16%, após duas grandes coligações com os democratas-cristãos da chanceler Angela Merkel.
Historicamente visto como o partido dos trabalhadores, o SPD conseguiu manter os seus números na Renânia-Palatinado, em parte graças à popularidade da governadora do estado, Malu Dreyer.
Também deve-se observar o partido Os Verdes, ao qual está filiado o governador de Baden-Württemberg, Winfried Kretschmann. O seu foco ambientalista conseguiu preservar a sua liderança neste rico estado conservador, que é a casa das gigantes do setor de automóveis Mercedes-Benz e Porsche.
O poder de Os Verde de Baden-Württemberg
Em Baden-Württemberg, a União Democrata-Cristã (CDU) é o parceiro de coligação do partido Os Verdes.
O extremamente popular Kretschmann está em funções há 10 anos. Ele é o único do partido a servir como governador de estado na Alemanha.
Desde as últimas eleições federais, em 2017, Os Verdes ganharam 10 pontos percentuais em sondagens a nível nacional, impulsionados por grupos ambientalistas como as Sextas-Feiras pelo Futuro e preocupações generalizadas sobre as alterações climáticas.
Em Baden-Württemberg, o partido alcança notáveis 35% de acordo com as sondagens. A reeleição de Kretschmann, de 72 anos de idade, seria um forte sinal de que um governo de coligação com Os Verdes poderia tornar-se uma realidade em Berlim no próximo outono.
Pode o SPD vencer na Renânia-Palatiando?
Na Renânia-Palatinaod, Dreyer foi reeleita há cinco anos, quando o SPD obteve uma vitória surpreendente sobre a CDU. A questão é se ela poderá novamente conduzir o SPD à vitória.
Dreyer, que está no cargo desde 2013. Lidera atualmente uma coligação com Os Verdes e os democratas-livres - a única coligação dos três partidos na Alemanha.
Tal como Kretschmann, Dreyer, construiu uma reputação como líder realista.
Numa altura em que o SPD caiu para um mínimo histórico de 15% nas sondagens nacionais, a sua vitória daria ao partido um impulso moral muito necessário. A mensagem seria que o SPD ainda é uma força com que se deve contar - se tiver o candidato certo.
Expectativas
Prevê-se uma vitória para os titulares em ambos os estados.
Poderá ser uma corrida renhida na Renânia-Palatinado, onde nos dias que antecederam as eleições o SPD pontuou pouco mais de 30% e o CDU pouco menos de 30% nas sondagens.
Em Baden-Württemberg, espera-se que Os Verdes conquistem mais de 30% dos votos e a CDU até 25% - notáveis 70% das pessoas inquiridas disseram que gostariam que Kretschmann ficasse no cargo.
Fazer campanha durante a pandemia
A pandemia do coronavírus afetou a campanha, forçando os partidos e candidatos a manterem a distância dos eleitores e a fazerem as campanhas políticas virtualmente.
Ao mesmo tempo, a insatisfação com a resposta à pandemia tem sido palpável na Alemanha. De acordo com um inquérito realizado no mês passado pelo grupo de pesquisa de dados Statista, menos de 40% dos alemães estão satisfeitos com a forma como a pandemia está a ser gerida.
Os políticos que concorrem à reeleição estão a sentir esta tensão. Tanto Dreyer como Kretschmann foram atacados pelos seus opositores em debates televisivos sobre gestão de crises e encerramentos.
A CDU está atualmente envolvida num escândalo de corrupção envolvendo parlamentares que aceitaram grandes subornos em troca da sua ajuda na intermediação de acordos de venda de máscaras faciais caras a instituições estatais. Continuam a registar-se novas revelações à medida que mais deputados são acusados de irregularidades.
A indignação pública poderia transformar a corrida eleitoral numa batalha penosa para o bloco de Merkel. E os membros da CDU temem que isso lhes possa custar a chancelaria em setembro.