1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaAlemanha

Alemanha procura continuidade na parceria com o Níger

20 de dezembro de 2023

A visita do ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, ao Níger, veio sublinhar a relevância que tem para Berlim a parceria estratégica com o país africano no âmbito do combate ao terrorismo na zona do Sahel.

https://p.dw.com/p/4aNLj
O ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, com o seu homólogo nigerino, general Salifou Modi
O ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius (esq.), foi recebido pelo seu homólogo nigerino, general Salifou Modi Foto: Prawos/BMVG/dpa/picture alliance

O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, encontrou-se, na terça-feira (19.12), na capital, Niamey, com o seu homólogo nigerino, general Salifou Modi.

O Níger é um parceiro estratégico no combate ao terrorismo no Sahel e a Alemanha tem interesse em manter uma relação estreita com o país da África Ocidental. Pistorius disse que Berlim quer retomar os projetos de cooperação, após o golpe militar de julho passado.

"Depois da tomada de poder, as coisas não pararam. Deixámos aqui o nosso conselheiro militar, as forças especiais no Níger, deixámos os soldados nigerinos em treino connosco", salientou o ministro alemão.

As Forças Armadas alemãs mantêm uma base de transporte aéreo na capital Niamey. A Bundeswehr esteve envolvida na missão de manutenção da paz no Mali da ONU, MINUSMA, lançada em 2013, e que está atualmente a ser encerrada. De acordo com informações do Ministério alemão da Defesa, na semana passada ainda se encontravam estacionados, neste quadro, 120 elementos do exército alemão no Niamey.

Bundeswehr termina missão no Mali
O golpe de Estado no Mali pôs fim aos dez anos de presença militar alemã no país. Foto: Nana Ehlers/Bundeswehr/dpa/picture alliance

Afastamento do Ocidente

Segundo Pistorius, o diálogo com os novos dirigentes do Níger aconteceu em "circunstâncias difíceis, mas que dá esperança para uma continuação de boas relações perante as circunstâncias com as quais estamos a lidar".

Através do seu ministro, Berlim tenta assim uma aproximação cautelosa ao país que perdeu grande parte do apoio internacional na sequência o golpe que derrubou o Governo democraticamente eleito.

No final de julho, os militares derrubaram o presidente democraticamente eleito Mohamed Bazoum e assumiram o poder. A União Europeia (UE) condenou o golpe e suspendeu a cooperação em matéria de segurança com o país.

Por seu lado, a junta restringiu consideravelmente a cooperação com os países ocidentais. Tal como os governos militares dos Estados vizinhos do Mali e do Burkina Faso, que também chegaram ao poder através de golpes de Estado, os novos líderes do Níger procuraram aproximar-se da Rússia, um desenvolvimento que inquieta a UE.

Manifestação anti-França em Niamey
Após o golpe, os nigerinos exigiram a retirada imediata dos soldados francesesFoto: Souley Abdoulaye/Afrikimages Age/IMAGO

Junta militar "reavalia" cooperação militar

Pistorius afirmou que as negociações vão ganhar novo impulso a partir do ano que vem e foi perentório ao dizer que a União Europeia deve manter-se próxima do Níger. O ministro acrescentou que a situação no país lhe dá "motivo de esperança".

"Temos um bom histórico de cooperação com o Níger. Acredito firmemente que é sempre melhor manter um diálogo do que deixar o fio da conversa romper-se, e hoje foi um bom começo para isso", disse.

Não pondo de parte a continuação de presença de tropas estrangeiras no país, o general Salifou Modi, ministro da Defesa nomeado pela junta que lidera o Níger, anunciou a reavaliação da presença militar alemã.

"Veremos com os alemães quais as novas condições e que novos cuidados devem ser tomados. Em qualquer caso, deve-se notar que o estacionamento de tropas estrangeiras no Níger no futuro estará sujeito à avaliação dos nigerinos", disse.

A posição surge depois de o Conselho para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), à frente dos destinos do Níger, ter anunciado que a retirada das tropas francesas do país tem de estar concluída até esta sexta-feira (22/12). A saída dos militares da antiga potência colonial, França, foi uma das primeiras exigências da junta militar após o golpe de Estado.

França, uma retirada do Níger com sabor a independência?