O que significa o acordo de extradição Moçambique-Ruanda?
10 de junho de 2022Alguns círculos sociais em Moçambique entendem que o acordo visa extraditar opositores e críticos ao regime ruandês liderado por Paul Kagamé.
Mas o analista político Dércio Alfazema, do Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD), diz que não é bem assim, até porque os dois países têm a ganhar com estes acordos.
"Tanto Moçambique não quer que criminosos que estejam em fuga e a serem perseguidos por atos criminais no Ruanda se refugiem ou se escondam em Moçambique como também o Ruanda não está interessado em que criminosos moçambicanos se refugiem no Ruanda", argumenta.
Também o professor universitário Ismael Mussá não vê nenhum problema no acordo entre os dois países, sobretudo de extradição.
"O que me interessa como moçambicano é que os nossos interesses sejam preservados. Agora, se por detrás disto houver interesses do Ruanda em extraditar determinadas pessoas, aí já é um outro aspeto", diz.
Compromissos de proteção de refugiados
Dércio Alfazema acredita que o entendimento entre Moçambique e Ruanda deve ser visto numa perspetiva positiva e não como uma ferramenta para a perseguição de pessoas inocentes.
O analista espera que o acordo de extradição não venha a pôr em causa os compromissos internacionais de que Moçambique é signatário no âmbito da proteção dos refugiados.
"Que sejam acordos unicamente ligados a essa questão de reforço de ações para evitar que as pessoas criminosas tenham contas a prestar à justiça venham se refugiar tanto num como noutro país", afirma.
O analista político lembra ainda que o Ruanda é um parceiro estratégico na segurança e no combate ao terrorismo no norte de Moçambique com o uso de tecnologias avançadas.
"Que podem interessar Moçambique para reforçar as suas ações no âmbito da defesa e segurança. Mas é preciso também assegurar que Moçambique precisa reforçar as suas ações no âmbito diplomático criando parcerias estratégicas", conclui.