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Direito e JustiçaSão Tomé e Príncipe

25 de novembro: Famílias querem processar Estado são-tomense

9 de fevereiro de 2023

Ataque ao quartel do passado dia 25 de novembro deixou quatro mortos. Observadores consideram que queixa junto de instâncias internacionais contra o Estado são-tomense é legítima.

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Foto: João Carlos/DW

Uma equipa de advogados está em São Tomé e Príncipe para recolher elementos com vista a interpor queixa contra as autoridades são-tomenses no caso da morte de quatro civis no quartel das Forças Armadas, no passado dia 25 de novembro.

A missão deverá decorrer até 25 de fevereiro, fim do prazo para a Procuradoria-Geral da República são-tomense fazer a acusação provisória dos implicados, e é suportada financeiramente por contribuições voluntárias, sendo levada a cabo em nome dos familiares das vítimas.

Sao Tomé und Principe | Sicherheitskräfte
Assalto ao quartel-general das Forças Armadas são-tomenses ocorreu a 25 de novembro de 2022 e resultou na morte de quatro pessoasFoto: Ramusel Graca/DW

"Conseguimos mais de 200 pessoas e arrecadámos cerca de 10.600 euros", conta em entrevista à DW Noemy Medina, mentora da campanha de recolha de fundos que suportará os custos da missão de advogados, encabeçada pelo jurista são-tomense Carlos Semedo.

Os promotores querem ainda que o "25 de novembro" seja consagrado Dia Nacional dos Direitos Humanos, em memória dos são-tomenses alegadamente torturados até à morte na sequência de um suposto assalto ao quartel-general do Exército, qualificado oficialmente como tentativa de golpe de Estado.

Gabriel Costa, ex-primeiro ministro são-tomense
Gabriel Costa, ex-primeiro ministro são-tomenseFoto: João Carlos/DW

Luta por justiça

Gabriel Costa, ex-primeiro ministro são-tomense, é um dos envolvidos na missão de advogados.

À DW, afirma que o principal objetivo é apresentar queixa contra "os dois presumíveis autores deste crime hediondo".

Segundo o jurista, Arlécio Costa, um antigo combatente citado como mandante do ataque e que morreu sob custódia militar, "foi torturado até à morte com requintes de malvadez, pelas imagens que nós temos e que vazaram nas redes sociais - contrariamente às coisas que foram ditas oficialmente". Agora, é "imprescindível" que se encontrem "os autores, os cúmplices e os mandantes deste crime hediondo. Eles não podem em circunstância alguma ficar impunes", conclui Gabriel Costa.

Jorge Oliveira da Costa, filho de Arlécio Costa
Jorge Oliveira da Costa, filho de Arlécio CostaFoto: João Carlos/DW

Observadores ouvidos pela DW consideram que uma queixa contra as autoridades são-tomenses junto de instâncias internacionais contra o Estado são-tomense é legítima. São Tomé e Príncipe é signatário da Convenção Internacional contra a tortura, ratificada em janeiro de 2017. 

"Tristeza e revolta"

Jorge Oliveira da Costa, filho de Arlécio Costa, encara com "tristeza e revolta" a forma brutal como o pai foi morto.

O jovem nascido em Portugal foi um dos que se juntou à manifestação de sábado passado (04.02), em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, para pedir justiça. 

"Foram buscar o meu pai a casa. Essa história de dizerem que foi um golpe de Estado, isso é uma invenção. Eu quero única e exclusivamente justiça, nada mais", diz.

Jorge Costa e outros são-tomenses esperam a reação do Governo português e do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, a quem pedem atenção à situação em São Tomé e Príncipe.

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