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"A FRELIMO não tem democracia interna"

26 de setembro de 2022

Reeleição de Filipe Nyusi como líder da FRELIMO agita a oposição. Por um lado, opositores criticam a falta de "democracia interna". Por outro, temem que Nyusi seja colocado na rota de um terceiro mandato presidencial.

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Presidente moçambicano e líder da FRELIMO, Filipe Nyusi
Foto: DW/B. Jequete

João Massango, presidente do Partido Ecologista Movimento da Terra (PEC-MT), não vê com bons olhos a reeleição de Filipe Nyusi ao cargo de presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).

O político teme que o partido no poder possa querer mexer na Constituição para reeleger Nyusi a mais um mandato como chefe de Estado: "Gozando da maioria [no Parlamento], eles têm a probabilidade de mexer na Constituição nos próximos tempos."

Se isso acontecer, seria um atentado à democracia, entende o porta-voz nacional do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

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"Será uma mancha enorme para o Estado moçambicano e não vai dignificar os ganhos da introdução da democracia em Moçambique", afirma Ismael Nhacucue.

No entanto, Ismael Nhacucue duvida que isso aconteça.

O porta-voz do MDM lembra que, em todos os finais de mandato dos presidentes da FRELIMO, houve sempre a tentativa de introduzir um terceiro mandato presidencial.

"Não queremos acreditar que a FRELIMO force uma emenda constitucional para acomodar Nyusi a mais um mandato. O presidente Guebuza também quis, tal como o presidente Chissano, mas não o fizeram. Respeitaram a Constituição. E acho que também, desta vez, não será diferente."

100% dos votos para Nyusi?

Mesmo assim, o político entende que não é normal que um candidato seja reeleito com quase 100% dos votos, como foi o caso de Nyusi.

Para o porta-voz do MDM, a democracia desapareceu na FRELIMO. O partido "provou que não tem democracia interna e impõe as suas ideias. Perdeu-se aqui uma oportunidade de a FRELIMO mostrar que é um partido maduro e democrático".

Depois da reeleição, o antigo presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, apelou à reconciliação dentro e fora a FRELIMO. Para João Massango, do PEC-MT, isso prova que a grande maioria dos membros do partido está descontente.

"Porque não falou Guebuza? Porque não falaram outras pessoas? E porque barraram Castigo Langa?", questiona Massango.

O XII Congresso da FRELIMO conta com a participação de cerca de 1.500 delegados e termina esta quarta-feira (28.09).

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