Ébola, Moçambique e sentença de Pistorius na imprensa alemã
24 de outubro de 2014No início da semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a Nigéria livre do ébola, depois de um período de 42 dias sem registo de novos casos da doença. “Vitória contra o ébola na Nigéria” escreveu o Neue Zürcher Zeitung.
O jornal lembra que a boa notícia surge quase três meses depois da morte de Patrick Sawyer. Em julho, pouco após a aterragem no aeroporto de Lagos, o advogado de 40 anos, vindo da Libéria, sentiu-se mal e acabou por morrer cinco dias depois.
O caso provocou receios de que a doença se espalhasse não só em Lagos, a maior cidade do continente africano, com mais de 17 milhões de habitantes, como também em toda a Nigéria, o país mais populoso de África, onde vivem mais de 170 milhões de pessoas.
A campanha de contenção lançada imediatamente pelas autoridades, muito elogiada por especialistas e apontada como um exemplo a seguir, impediu o pior, sublinha o jornal suíço.
O ébola já matou pessoas “mais rapidamente do que a guerra civil na Libéria”, afirmou esta semana a embaixadora liberiana na Alemanha. Ethel Davis falava na Cimeira Mundial da Saúde que decorreu em Berlim, onde estiveram reunidos especialistas de 90 países, noticiou o jornal die tageszeitung.
“Precisamos de mais pessoal, de mais proteção, de mais medicamentos e de mais sacos para os corpos dos mortos”, disse Ethel Davis, que voltou a pedir à comunidade internacional ajuda urgente para lutar contra o vírus na Libéria, um dos países mais afectados pelo ébola, juntamente com a Guiné-Conacri e a Serra Leoa.
Eleições em Moçambique
O jornal die tageszeitung voltou esta semana a escrever sobre as eleições gerais em Moçambique. Segundo o diário, depois de contados cerca de um quarto dos votos de 17 mil assembleias de voto, começou a ser evidente “mais uma vitória para o partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).”
Dados preliminares apontavam Filipe Nyusi, o candidato presidencial da FRELIMO, como o mais votado. Em segundo lugar surgia Afonso Dhlakama, o líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e, em terceiro e último lugar, estava Daviz Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
“Os partidos da oposição acusaram o Governo de fraude eleitoral”, escreve ainda o diário. Afonso Dhlakama falou em “farsa” e pediu que fossem agendadas novas eleições. O que voltou a causar receios de que o líder da RENAMO, não satisfeito com os resultados eleitorais, pudesse realizar novos ataques.
Entretanto, “o líder da RENAMO cedeu” e propôs dialogar com o Governo para encontrar “uma solução pacífica”, acrescenta die tageszeitung. Além disso, no final de uma reunião com diplomatas da União Europeia (UE), Dhlakama garantiu que não haverá outra guerra em Moçambique.
Observadores internacionais consideraram que, no geral, as eleições gerais foram “livres e justas”, refere o jornal. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, elogiou o “ambiente pacífico”. E disse que as eleições foram transparentes, apesar das irregularidades registadas em alguns locais.
Cinco anos de prisão para Pistorius
A condenação de Oscar Pistorius na África do Sul também foi assunto de destaque na imprensa alemã. O atleta paraolímpico de 27 anos foi condenado terça-feira a cinco anos de pena de prisão efetiva pelo homicídio involuntário da namorada, a modelo Reeva Steenkamp.
Pistorius, a quem foram amputadas as pernas ainda bebé, também foi condenado a três anos de pena suspensa por uso de arma de fogo, escreve o Süddeutsche Zeitung.
O jornal lembra que a juíza Thokozile Masipa, que presidiu ao processo durante os sete meses de julgamento, já tinha anunciado o veredicto a 12 de setembro.
O atleta reconheceu ter disparado contra a namorada através da porta da casa de banho, por acreditar que se tratava de um ladrão. A juíza considerou que Pistorius agiu de forma negligente e deveria ter pensado antes de disparar.
O Ministério Público tinha pedido pelo menos dez anos de prisão efetiva. Para a defesa, prisão domiciliária e trabalho comunitário seriam punição suficiente para Oscar Pistorius. A juíza optou pelo meio-termo. A família do atleta aceitou a sentença.