Emitido mandado de detenção contra Grace Mugabe
19 de dezembro de 2018"Posso confirmar que o mandado foi emitido", disse esta quarta-feira (19.12.) Vishnu Naidoo, porta-voz da polícia sul-africana à agência noticiosa Efe.
A ordem foi emitida pelo Ministério Público, disse Naidoo tendo acrescentado que caso a esposa do ex-Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, entrasse no país seria detida.
A fonte policial explicou que o processo "está a começar" e que, até ao momento, não há informações sobre se o país vai procurar a extradição da antiga primeira-dama.
"Eu entendo que agora haverá um processo de extradição para garantir que a Mugabe [Grace] seja extraditada para a África do Sul e que este assunto possa ser continuado", salientou Gerrie Nel, advogado da autora da denúncia ao canal de televisão Enca, após a notícia ter sido tornada pública, em particular após a notificação oficial aos queixosos.
Ninguém está acima da lei
"Eu tenho que acreditar que o Governo do Zimbabué vai entender que ninguém está acima da lei", acrescentou o advogado, quando questionado se achava que o país vizinho estará disposto a colaborar.
Recorde-se, que em finais de julho, a justiça sul-africana determinou que é inconstitucional a imunidade diplomática concedida à antiga primeira-dama do Zimbabué Grace Mugabe, que a impedia de ser julgada pela alegada agressão a uma modelo com um fio elétrico, em 2017. A imunidade diplomática protegeu a antiga primeira-dama Grace Mugabe de uma denúncia por alegadamente agredir a modelo Gabriella Engels, em Joanesburgo.
A decisão tinha sido contestada perante a Justiça, tanto pela própria vítima como por outras organizações, como Afrikaner Afriforum e os partidos da oposição.
Imunidade diplomática
De acordo com a agência de notícias EFE, as partes argumentaram que a imunidade diplomática de Grace Mugabe deveria ter cessado quando o seu marido, Robert Mugabe, deixou a Presidência do Zimbabué em novembro de 2017, e que o Governo sul-africano, na época liderado por Jacob Zuma concedeu imunidade diplomática à ex-primeira-dama após o incidente, a fim de livrá-la do processo judicial.
Grace Mugabe foi denunciada em agosto de 2017 na África do Sul por alegadamente agredir com uma extensão elétrica Gabriella Engels, de 20 anos, que se encontrava no mesmo hotel onde estava a primeira-dama com amigos.
A imunidade diplomática só pode ser aplicada no caso de estar numa viagem oficial, mas Grace Mugabe estaria na África do Sul para um exame médico devido a um ferimento que sofrera num acidente de carro .
O Governo da África do Sul, no entanto, concordou em reconhecer a imunidade e tanto Grace Mugabe como o seu marido, Robert Mugabe, que também se encontrava na África do Sul, "regressaram apressadamente ao Zimbabué", explicou a EFE.
Robert Mugabe já não anda O antigo Presidente do Zimbabué Robert Mugabe, de 94 anos, está a receber assistência médica em Singapura, por já não conseguir andar sozinho devido à sua frágil saúde e avançada idade, anunciou o atual chefe de Estado, Emmerson Mnangagwa.
"Mugabe é agora ancião. Como tal, é incapaz de andar, mas vamos dar-lhe tudo o que ele pedir", afirmou Mnangagwa, num cerimónia governamental da União Nacional Africana do Zimbabué-Frente Patriótica (ZANU-PF) em Zvima, a cerca de 100 quilómetros a oeste de Harare.
No passado dia 14 de novembro cumpriu-se um ano do golpe do Exército do Zimbabué que provocou a destituição de Mugabe, que dirigia o país com "mão de ferro" desde a sua independência do Reino Unido, em 1980.
O golpe foi a resposta à decisão de Mugabe de despedir o seu então vice-presidente, Emmerson Mnangagwa, no meio de tensões entre este e a primeira-dama, Grace Mugabe, sobre quem deveria suceder ao longo mandato.
Mugabe foi demitido a 21 de novembro e foi substituído três dias depois por Mnangagwa, de 76 anos, uma alteração histórica que provocou o júbilo do povo nas ruas de um país próspero que o antigo Presidente conduziu à ruína.