À pesca de votos com as redes sociais
27 de junho de 2017As campanhas eleitorais não se fazem só nas ruas – têm também lugar na palma das mãos dos eleitores, através dos smartphones, por exemplo. Os partidos políticos descobriram há muito tempo o potencial da internet e das redes sociais para disseminar a sua mensagem. Em Angola, o partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e os partidos da oposição publicam fotografias, vídeos e, por vezes, até fazem emissões em direto, mostrando as suas atividades.
Além disso, a oposição angolana diz que, nas redes sociais, encontra um espaço que não existe na imprensa pública. Segundo Félix Miranda, secretário da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) para a Comunicação e Marketing, as redes sociais, como o Facebook, são cruciais no trabalho do partido.
A presença na internet "possibilitou à CASA-CE ter a abrangência e a visibilidade que tem e possibilitou a [Abel] Chivukuvuku [líder da coligação] ser tão amado, como é hoje."
O foco nas redes sociais também é uma prioridade para Narciso Lucanso. O secretário nacional para a Comunicação e Marketing do Partido de Renovação Social (PRS) diz que, se as forças políticas querem atingir os seus objetivos, têm de estar presentes nas redes sociais. É aí que os cidadãos podem encontrar "o programa de governação e o manifesto eleitoral do partido, para poderem votar nele", afirma Lucanso.
Mais debate online
Mas, para o analista político Osvaldo Mboco, a oposição ainda não está a aproveitar a 100% o potencial das redes sociais. O analista diz que é preciso debater mais os programas eleitorais.
"É fundamental que o grupo que está por detrás da página seja um grupo dinâmico, conversando, interagindo com os eleitores a partir da plataforma", diz o analista. Por outro lado, a oposição deveria ainda selecionar melhor o que publica: "Hoje, o eleitor quer saber como esse partido vai resolver o problema do seu município."
Mais divulgação offline
Fora das redes sociais, os partidos da oposição continuam a batalhar para ver os seus temas a fazer manchete na imprensa pública.
Há, no entanto, alguns sinais de abertura em relação às atividades da oposição angolana nesta fase de pré-campanha. Por exemplo, no sábado (24.06), o manifesto eleitoral do PRS foi transmitido em direto pela Televisão Pública de Angola (TPA), algo que não era costume no passado.
"Não queremos que isso cesse, porque ajuda a expandir a informação das forças políticas", apela Narciso Lucanso, do PRS.
Félix Miranda, da CASA-CE, diz que a mudança se deve à concorrência com a TV Zimbo, privada, que costuma falar sobre as atividades da oposição. "A Zimbo hoje é um elemento de contrapeso à TPA. É a Zimbo que está a permitir a TPA também fazer abertura", comenta.
A campanha para as eleições em Angola começa oficialmente em julho. E começará também o tempo de antena na Rádio Nacional de Angola e na TPA.
O analista Osvaldo Mboco sugere aos partidos que aproveitem esse espaço da mesma forma, ou melhor do que nas redes sociais para "divulgar ao máximo as suas ideias".